domingo, 22 de setembro de 2013

Notas Dantescas

Morrer, dormir, talvez brindar os desejos secretos escondidos pelos refletores mágicos comprados na 25 de março. Eis tudo que assombra um homem (para as feministas, leia-se "mulher"). Os conflitos entre ser e não ser, dormir e sucumbir, enterrar e avacalhar.
Um dia, só para experimentar os requintes de tamanha liberdade desejabilística, propus invadir um cemitério, roubar uma caveira às escondidas e fugir para o Tibete, onde eu poderia doá-la para um museu de pessoas humanas que morreram por causas outras que não a fome ou sede. Talvez até mesmo subornar o sindico do cemitério, trocar uma caveira do hamlet que veio no jornal da banca da esquina por um autêntico crânio, aí estava o meu desejo. E pergunto-me: Por que eu precisava de um crânio verdadeiro? E respondo-me: Para sentir as mazelas que Shakespeare se referiu.
Experimentar a loucura, a verdadeira falsa loucura, que Hamlet sempre sentiu durante sua vida. Então surge a dúvida: Se uma pessoa passa a vida fingindo uma loucura, não seria ela de fato louca?
Talvez essa dúvida na própria pessoa é o que gere o conflito, que é sucumbido pelos vermes da carne que aparecem quando a caveira fica muito tempo exposta à luz da minha cozinha.
Na minha cozinha eu poderia matar todos que estavam ali presente, pois na cozinha é o melhor lugar para se cometer um verdadeiro suícidio de onde se espera retirar um crânio saudável, segundo estudos feitos por algum órgão com letras máisculas juntas e separadas por pontos justapostos, como "A.S.D.F".
Esse é um texto sem revisão, sem julgamento, sem pensamentos, apenas para deixar a fluidade exercer o seu bem sobre meu futuro personagem. Toda essa questão Hamletiana precisa se interiorizar nas raízes do meu cabelo crespo. Talvez eu use uma mordaça, no estilo Hannibal, para que não possa matar metade do elenco de mordidas causada pela minha enfermidade. Quanto mais penso, mais enfermo fico, mas nenhuma enfermeira me aparece. Onde estão nossas fantasias neste momento de desespero?
Hoje eu vou dormir com uma caveira e acordar com um pensamento.