Na escrita
eu talvez encontre aquilo que não me procura, senão sob efeito de alucinógenos
ou de sonhos muito sonhados. E não é diferente em casos em que se escreve ao
relento. Talvez, um dia, essas palavras atinjam algum leitor desamparado e
perdido, pois não é minha intenção a divulgação de tais ideias sem ideais, tão
impertinentes que se presas em minha cabeça hão de causar um colapso mental.
Não, senhores (me refiro aos elétrons que recebem essa descarga de palavras ou
talvez o ar), minha intenção é escrever para ninguém. Não desejo escrever para
mim, pois eu não preciso ler o que eu mesmo já penso, só preciso expurgar isso de
alguma maneira e, como não há amigos hoje em dia que se disponham a ouvir,
escrevo ao universo, que com certeza plena é meu amigo e há de me entender e
entreter, ou então me reverter, para que lotado de metafísica, eu possa morrer.
Caso
somente o eco carregue essas palavras, desejo então que ecoe para longe de mim,
que já não suporto negligenciar o desejo do meu escritor. Talvez essas palavras sejam
rudes, desconexas, mal formatadas, mal pensadas ou até mesmo contraditórias,
mas é o melhor que posso fazer. Mas a boa parte de se escrever para o ninguém
compensa minha falta de talento nessa arte que admiro tanto: Ninguém não julga
e entende que faço o que faço por um bem maior e procura absorver as ideias por
detrás de palavras não bem vestidas para uma festa de gala.
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