sexta-feira, 14 de março de 2014

Sobre o livro "Ismael", de Daniel Quinn


Uma abordagem mais detalhada de como as coisas vieram a ser como são, utilizando-se de um método socrático, perguntando até chegar à origem, Ismael, o Gorila que procura por alguém com um desejo de salvar o mundo, nos mostra porque encaramos hoje essa situação de desastre contínuo, muito além da mera poluição à natureza, da energia gasta e de toda essa balela dita pela galera que se declara amiga do meio ambiente, Ismael vai no cerne das questões, indo lá atrás, quando o homo sapiens sapiens declarou guerra ao mundo, impondo a tal "Revolução" agrícola por onde passava, dominando terras, pessoas, multiplicando-se sem fim, como se o controle de alimentos fosse a necessidade humana mais latente. Iludidos com esse suposto controle e com o conforto de não ser mais um mero animal no mundo, e tratando o mundo como seu, a racionalidade avançou destruindo tudo que se via pela frente, causando um aumento da população, desordem ao Ecossistema, deixando que o Ego prevalecesse, para que não fosse mais necessário caçar ou viver da extração, não vivendo mais a mercê, imaginando com isso que estaria fazendo um bem e sendo superior, e assim nasceu o maior mito que hoje ainda encenamos: de que o mundo foi feito para o homem. De que o homem é o topo da cadeia alimentar e a sua tarefa é dominar a natureza e se as coisas estão fora do controle, é porque o homem não possui o controle total da natureza, sobre a chuva, os ventos, e por isso que o grande desejo desse ser hoje é conquistar o mundo, tirando o controle total dos deuses (o universo, deus, seja lá o que ou quem for) e tomando o poder como seu.




Todas estas questões passaram sem ele perceber que na realidade a evolução se sucedeu justamente porque os seres se aceitavam como seres no mundo e não como se o mundo fosse deles, e sem a percepção de que o homem não é o último da cadeia, ainda muito para frente outros níveis de consciência estão por vir, mas, para isso, é necessário que o homem abra mão dessa questão egocêntrica, vivendo em comunidade e comunhão com os seres e com o mundo, seja lá qual for o tipo de alimentação. É necessário encarar fatores como a fome, o trabalho, o sentido da vida, como coisas naturais e que estão muito aquém do nosso conhecimento, e de que nosso verdadeiro trabalho é viver, somente. Encarar que a morte é algo natural, de que passar fome é natural, é o autocontrole da natureza para evitar a superpopulação de uma determinada espécie. E quando uma espécie se declara fora das leis da natureza, causa impacto em todos que estão ao redor, pois há uma lei básica e em ação no mundo, a lei da natureza. Não é uma sabedoria de quem ou o que deve morrer, não é só salvando animais, digo isso mesmo sendo vegetariano, porque essa é uma questão que deve ser tratada muito mais afundo sobre a morte de animais, a questão é a vida em comunidade, o respeito e a aceitação de outras espécies, de outras tribos, outros costumes, limites e liberdade. Leia e tire suas próprias conclusões, me respondeu muitas das minhas inquietações e me agregou muitas outras. O autor escreveu mais alguns sobre o assunto, ainda não li, mas está na minha lista de urgências. E fazendo uma pesquisa sobre o livro em livrarias, vi um comentário de uma pessoa que cita o filme “Instinto”, estrelado por Antony Hopkins e Cuba Gooding Jr., que foi baseado ou tem como premissa o livro aqui tratado. Espero alcançar alguém com essa indicação, depois de ler, tomo como tarefa alertar as pessoas, pois é incrível o olhar que se ganha com a leitura, e uma urgência em gritar aos quatro ventos a nossa situação fala mais alto que qualquer outro desejo. Espero que sintam o mesmo.

Deixo aqui um link onde é possível encontrar o próprio Ismael e mais 3 outros livros:
http://escoladeredes.net/group/bibliotecadanielquinn

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