segunda-feira, 11 de agosto de 2014

Mostra tua face

Monstros não existem.
Mas existe uma coisa pior: 
A nossa própria cabeça, que é capaz de inventá-los.

Reticências...

Eu paro pra te olhar, de longe, inspiro a inocência do teu sorriso mudo, me delicio com o cabelo que escorre suavemente pelo pescoço. Você parece dizer coisas belas, ou é a minha mente que pinta suas rudezas com verniz de você?
Sinto um deserto sob meus pés, muros kilometricos nos separando, ao tempo que posso tocar suas mãos, sem que você perceba. Há tanto para ser dito. Na loucura desse ideal, criei um universo só seu, e nele, você é o sol e eu a terra, uma das tantas coisas que você atrai, sempre mantendo distância. Me aquece de longe, nem pergunta o porquê, infiltra minha camada, lança raios com essas duas esferas que tens no rosto. Me deixa chato, a ponto de querer criar para você a todo instante, como se com cada coisa que eu fizesse, que seja a menor das frases sem nexo ou o pior dos clichês românticos, eu pudesse alisar teu cabelo, ou receber um beijo seu.
Quero te contar alguns sonhos, mas você permanece indiferente, concretizando cada rachadura nutriente dos meus solos.
Olho para trás, no sentido de passado e distância, e vejo um buraco negro, sugando esse universo todo. Estou indo aos poucos, essa observação, talvez uma obsessão contida, está em cada pó do meu ser, que se esvai rumo à boca do buraco. Não sei quando minha nuvem vai secar, sumir ou acabar, só espero que minha última lembrança seja de um sorriso teu.
E que eu possa dizer algum dia aquelas três palavras que há séculos permeiam o universo dos humanos.
.. .. ...

sábado, 9 de agosto de 2014

Do meu hoje para o meu Brincante

Força, menino

Não deixe de brincar

Tua Criança não morreu

Só deixou de sonhar.

Bom dia, com gosto de Gabi

Um gole do teu corpo
Pra te beber gota a gota
Te fazer chover
E me lambuzar no teu gozo

Quando salivas teu suor
Nas curvas dos teus seios
Que degusta você de cor
Até ser devorado pelo meu anseio

O ar se adensa de desejo
Suspira no teu ouvido quanto te quero
Penetra teus lábios ao infinito
Te sufoca de tesão inaudito

Você, toda nua, inspira
O Michelangelo nos meus olhos
É você, toda delícia,
Que transpira pelos meus poros

Balada da SuperLua

Com um foguete propulsionado por palavras,
Posso, na tua fuga, te alcançar ?
Pousar sereno na esfera inacabada
Fincar uma bandeira bruxuleante ao amar?

Na poeira seca da terra desconhecida
Voam cabelos e perfumes
Perguntam pela sonoridade
"Qual o som da idade?"
Ramificam-se em borboletas de prazer
Que despertas ao casulo
Experimentam a inexistência

Saudades como vanguarda da necessidade
Orbita e repulsa, quieta e camuflada

Vem ter comigo
Suspensa ou propensa
Pela gravidade nossa

Atração natural das nativas carícias
A mão sobe, leve, ao ar
Querendo, criança, alcançar
A última folha
Da ponta mais finita
Da árvore mais bonita
Chora ao toque do encanto
Musgos do meu pranto

Os olhos fecham, corpo sente
E o que figura na mente?
"Fuja. Perigo. Ela conquistou.
Mas que faço? Ela apoderou.
E no coração, gravitou!"

Ser o não-ser, eis a questão

Esperando o resultado  
O envelope gritando aids 
E você gemendo dreads
O sono vinha perturbar
A cabeca relutante
Vinha ralhar,
Com a falta de relaxar
Tapete sem asa buscando
Um Aladin alado da Nigéria
Menino que o usa no auge
Melindra o ar rasgando folhas
De vento sujo calado 
A lixeira jazia vazia
Vadia, tinha serventia? 
A comparação era inevitável
Irresistível como evitar crentes no domingo
E o ressoar que procura a menina
Aquela que não pode ser pronunciada
Lamenta suas dores 
Em versos sem sentido
Quisera Caim serem esses 
Lado a lado na métrica da solidão
Uma assistida de leve à TV
Desperdício sem conta 
Para reparar o traço fino de falta de ar 
E a excessividade de des 
Ligamentos reflexos da vontade
Insistente lambuza suas gotas
De sangue, vertente 
E a alma, latente.